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talvez as pessoas me perdoem e comecem a gostar de mim.
Sinto-me culpado porque sou humano. Nasci em pecado.
IMPLICAÇÃO: É significativo falar de culpa num contexto em que não existe a inocência. Mais
ainda, preciso aceitar posturas que ferem a razão e a moralidade, porque as autoridades as sustentam.
TRADUÇÃO MAIS PROVÁVEL: Essas autoridades têm o monopólio da moralidade e dos julgamentos
morais; quem sou eu para colocar os meus julgamentos contra os delas?
Dois temas parecem estar presentes sempre que defrontamos com as posições defensivas, ou de
culpa , em relação aos fatores positivos: o medo da auto-responsabilidade e o do isolamento ou da solidão.
É claro, os dois estão relacionados. Porém, é uma pena quando as pessoas querem pertencer AOS OUTROS
para sentir que pertencem AO UNIVERSO DELES.
A vontade de ter um sentimento de comunicade não é, logicamente, insensata, mas tentar comprá-
lo à custa da auto-estima é simplesmente criar um novo tipo de solidão: a solidão de nós mesmos. Essa é
uma das fontes mais comuns do sofrimento humano.
Se você se sentiu tocado por esse assunto, se reconhece em você uma parte dele, então peça a si
mesmo que considere o seguinte: se tivesse um filho querido, ou bonito, ou saudável, ou inteligente, ou forte
ou criativo ou que viesse a ter muito sucesso - , GOSTARIA QUE ELE SE SENTISSE CULPADO POR ISSO?
Você gostaria que o seu filho se sentisse culpado pelo fato de ESTAR VIVO? Coloco o assunto desta maneira
porque, segundo minha experiência, muitas pessoas que se sentem confusas quando pensam sobre si
mesmas vêem imediatamente com mais clareza quando projetam sua própria psicologia na de uma criança
imaginária.
Talvez eu deva enfatizar que assumir o que há de melhor em nós e sentir prazer com isso não é ser
arrogante, pretensioso ou pomposo. Mas também não devemos querer mentir para nós mesmos ou para os
outros sobre quem e o que somos. Não temos de nos desculpar perante a inveja nem tentar aplacá-la. A
auto-estima saudável proíbe esse tipo de capitulação.
Assim, podemos perceber que será preciso muita coragem, tanto para ser honestos a respeito das
nossas virtudes, como dos nossos defeitos.
Aqui estão alguns inícios de sentenças que o ajudarão a explorar esse assunto:
Se eu tenho dificuldade em aceitar algum ponto positivo meu, pode ser...
Quando me sinto em posição de defesa por causa de minhas virtudes...
O que me assusta quando tenho de admitir que me orgulho pelas coisas que fiz é...
Quando vejo inveja ou ciúme...
Se eu ocultar quem sou por medo de inveja ou ciúme...
Se eu tiver de me julgar perverso só porque existo...
Se eu tiver de pedir desculpas por minha aparência, inteligência, posses ou
realizações...
Se eu quisesse admitir os pontos de que sinto mais orgulho...
Se você fizer esse exercício no seu caderno, escrevendo seis ou mais conclusões para cada
sentença, posso arriscar a opinião de que você não precisa de mais explicações sobre as vantagens que há
em aceitar honestamente as próprias virtudes em termos de auto-estima (bem como de felicidade em geral).
As recompensas emocionais serão óbvias e imediatas.
Você correria o risco de abandonar alguma pessoa com baixa auto-estima, que inveje o sucesso e a
felicidade? Quase inevitavelmente. Isso significa que você terá de reavaliar alguns dos seus relacionamentos?
Provavelmente. Mas, quando você aprender a assumir suas forças, atrairá um novo e melhor tipo de
relacionamento. Esse é um fato da vida que, como psicoterapeuta, já testemunhei muitas vezes. E, em
alguns casos, você redimirá o relacionamento atual, inspirando a outra pessoa a fazer frente à sua coragem,
a elevar-se ao seu nível de honestidade e autenticidade. Veja o comentário que escutei de um marido:
Minha esposa e eu concordamos em parar de fingir humildade. Que alívio! .
A luta pela autoconfiança e pelo auto-respeito vale o que ela exige de nós.
Há mais um assunto relacionado a esse tema que precisamos abordar.
Nossa concepção de ser não se forma em um instante; tem uma história; desenvolve-se com o
tempo. Se a nossa meta é avaliar a nós mesmos e a nosso comportamento de maneira adequada, abrindo
caminho para uma auto-estima mais elevada, precisamos muitas vezes voltar ao passado àquele eu que
fomos num momento anterior da nossa história pessoal para abraçar, perdoar a nós mesmos e n os
religar ao nosso eu-criança e ao nosso eu-adolescente. É sobre esse assunto que falaremos a seguir.
Capítulo 6 A integração do eu mais jovem
Quando eu era menina, queria tão desesperadamente que minha mãe me amasse , revela uma
dentista de 37 anos. Tenho fome de um simples toque, de qualquer tipo de afeição. Quando olho para trás,
fico assustada ao ver como pareço carente para mim mesma! Acho que é porque não gosto de olhar para
trás. Não gosto de ficar sabendo isso de mim, pelo menos como era então. Será que era realmente eu?
Recuso-me a acreditar. Prefiro pensar que aquela menina morreu muito tempo atrás e que eu sou outra
pessoa.
Quando o marido a abandonou, queixando-se de que ela parecia incapaz de dar ou receber amor,
ficou arrasada e perplexa; afirmava não entender o que ele queria dizer.
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